quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O que é a Teologia do Corpo - parte 5

Experiência do corpo e do sexo na história

O pecado original causou a “morte” do amor divino no coração humano. A entrada da vergonha indica o nascer da lxúria, do desejo erótico fora do amor de Deus. O homem e a mulher da história agora tendem a procurar a “sensação da sexualidade”, separada do dom verdadeiro de si mesmos, e longe do autêntico amor.

Nós cobrimos nossos corpos não porque eles sejam maus, mas para proteger sua bondade da degradação da luxúria. Ao percebermos que fomos criados para o amor, sentimo-nos instintivamente “ameaçados” não apenas pelo comportamento licencioso, mas até por um “olhar cheio de luxúria”.

As palavras de Cristo são severas a esse respeito. Ele insiste que, se olharmos para as pessoas desejando-as com luxúria, já cometemos adultério em nosso coração (ver Mt 5, 28). João Paulo coloca a pergunta: “Devemos temer a severidade dessas palavras, ou ter confiança no seu... poder salvífico?” (8 de outubro de 1980). Essas palavras têm poder para nos salvar porque o homem que as pronunciou é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).

Cristo não morreu e ressurgiu dos mortos tão somente para nos dar mecanismos para enfrentar o pecado. “Jesus veio restaurar a criação para a pureza de suas origens” (Catec. Ig. Cat. N. 2336). À medida em que nos abrimos para a obra de redenção, a morte e ressurreição de Cristo efetivamente “liberta nossa liberdade da dominação da luxúria”, como falou João Paulo II (1 de março de 1984).

Neste lado da vida sempre estaremos aptos a reconhecer uma batalha em nossos corações entre o amor e a luxúria. Apesar disso, João Paulo insiste que a “redenção do corpo” (ver Rom 8, 23) já está em curso nos homens e mulheres da história. Isso significa que à medida em que permitimos que nossa luxúria seja “crucificada com Cristo” (ver Gal 5, 24), nós podemos progressivamente redescobrir naquilo que é erótico aquele “significado nupcial do corpo”, e podemos vivê-lo. Essa “libertação das amarras da luxúria” e a liberdade que ela garante são, na verdade, “a condição de toda convivência na verdade” (8 de outubro de 1980).

A experiência última do corpo e do sexo

O que dizer sobre nossa experiência do corpo na ressurreição? Cristo não nos disse que ninguém mais será tomado em casamento quando ressurgirmos dos mortos? (ver Mt 22, 30); Sim, mas isso não significa que nossa sede de união vai acabar. Significa que será satisfeita, plenificada. Enquanto sacramento, o matrimônio é apenas um sinal terreno de uma realidade celestial. Quando estivermos no céu, não necessitaremos mais de sinais que nos apontem ao céu. As “núpcias do Cordeiro” (Apo 19, 7) – a união de amor que todos desejamos – estará eternamente consumada.

“Para o homem, essa consumação será a realização final da unidade da raça humana, que Deus desejou desde a criação... Aqueles que estão unidos com Cristo formarão a comunidade dos redimidos, a ‘cidade santa’ de Deus, ‘a Noiva, a esposa do Cordeiro’” (Catec. Ig. Cat. n. 1045). Essa realidade eterna é o que a união “em uma só carne” antecipa desde o princípio (ver Ef 5, 31-32).

Portanto, na ressurreição do corpo nos descobrimos – em uma dimensão eterna - o mesmo significado nupcial do corpo no encontro face a face com o mistério do Deus vivo. “Essa será uma experiência completamente nova”, diz o Papa – além de qualquer coisa que possamos imaginar. Além do mais, “não será alienada de modo algum daquilo que o homem participa desde o ‘princípio’, nem do [que se refere ao] sentido procriativo do corpo e do sexo” (13 de janeiro de 1982).

© Christopher West. Site: Theology of the Body
www.ChristopherWest.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O envio de comentário constitui aceitação de publicação.
Todos os comentários passam por moderação.
Comentários podem ser rejeitados por decisão do blog.
Os comentários publicados não necessariamente expressam a opinião do blog.