quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Reflexão "40 anos de Humanae Vitae" – Parte 1 – Contracepção e Caos Cultural

Por Christopher West

O dia 25 de julho de 2008 marcou o 40º aniversário de um dos mais controversos documentos papais da história da Igreja: A Encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, que reafirmou o ensinamento tradicional Católico da imoralidade da contracepção. Se você discorda ou tem lutado para entender esse ensinamento, acredite, eu passei por isso. Há alguns anos eu quase deixei a Igreja por causa disso. Mas 40 anos de perspectivas sobre a Humanae Vitae podem ser a oportunidade para um novo olhar. É isso que estarei proporcionando nos próximos artigos.

Você deve ter notado que eu disse “ensinamento Católico tradicional” sobre a contracepção. Apenas nos últimos 50 ou 70 anos esse tem sido um assunto primordialmente “Católico”. Até 1930, todas as denominações cristãs eram unânimes na condenação de qualquer tentativa de esterilizar o ato conjugal. Nesse ano, a Igreja Anglicana rompeu com mais de 900 anos de ensinamento cristão ininterrupto. Quando foi lançada a pílula, por volta dos anos 1960, a Igreja Católica sozinha mantinha uma posição, que em curtos 30 anos passou a ser considerada arcaica, ou mesmo absurda.

Uma maneira de começar a compreender a insistência da Igreja é “julgar a árvore pelos seus frutos”. Isso é o que inicialmente me fez perceber que a contracepção é um assunto muito mais importante do que pensava.

Quando Margaret Sander e suas seguidoras começaram a propagar a contracepção no início do século XX, homens e mulheres sábios – e certamente não apenas Católicos – predisseram que a separação de sexo e procriação levaria inevitavelmente a um caos social e sexual. A cultura atual de adultério, divórcio, sexo antes do casamento, DST’s, gravidez na adolescência, aborto, crianças sem pai, homossexualidade, pobreza, crime, drogas e violência já havia sido prevista.

Qual a conexão com a contracepção? O caos social de hoje em diante certamente é complexo, mas a reflexão seguinte demonstra a “lógica intrínseca” da contribuição da contracepção. As pessoas são, muitas vezes, tentadas a fazer coisas que não devem. Certas coisas na própria natureza e na sociedade ajudam a driblar essas tentações e manter a ordem. Por exemplo, o que aconteceria com a taxa de criminalidade se repentinamente não houvesse mais condenação à prisão?

Aplique a mesma lógica ao sexo. Ao longo dos séculos as pessoas vêm se sentindo tentadas a cometer adultério. Nada de novo. Entretanto, um dos principais obstáculos que impedem de sucumbir à tentação é o medo de uma gravidez. O que aconteceria se esse impedimento natural fosse retirado? Como a história veio a demonstrar, as taxas de adultérios subiriam às alturas. Qual é uma das principais causas do divórcio? Adultério. Aplique a mesma lógico ao sexo antes do casamento. Tal comportamento também cresceu assustadoramente. O sexo antes do casamento é um tipo de “adultério precoce”, é um indicador de futuras rupturas conjugais.

E fica pior. Já que nenhum método de contracepção é 100% eficaz, o aumento do adultério e do sexo antes do casamento vai inevitavelmente levar a um aumento da “gravidez não-desejada”. O que vem depois? Muitos acham que a contracepção é a solução para o problema do aborto. Olhe com mais profundidade e você verá que isso é como jogar gasolina em um fogo para tentar apagá-lo. Em última análise, só há uma razão que explica porque temos abortos – porque homens e mulheres estão fazendo sexo sem estar “abertos à vida”. Se essa mentalidade está na raiz do aborto, a contracepção só faz propagar e dar suporte a essa mentalidade.

Nem todos vão sucumbir ao aborto, é claro. Alguns vão escolher a adoção. Outras mães (a maioria) vão criar elas mesmas as crianças. Portanto, o número de crianças que vai crescer sem a presença de um pai (que já é alto devido ao crescimento do divórcio) só vai aumentar mais ainda. E uma cultura de crianças “sem pai” inevitavelmente se torna uma cultura onde há pobreza, crime, drogas, e violência. Todos esses problemas sociais crescem exponencialmente de geração em geração, já que as crianças “sem pai” têm maior probabilidade de ter uma gravidez não-desejada, e, mesmo que se casem, a probabilidade de um divórcio também é maior.

E sobre a homossexualidade? Nossa cultura se tornou impotente para resistir à “agenda gay” porque já aceitamos sua premissa básica junto com a contracepção – a redução do sexo a simples trocar de prazer. Quando a abertura à vida não é mais parte intrínseca da equação sexual, porque o comportamento sexual tem que ser com uma pessoa do sexo oposto?

Quarenta anos depois do lançamento da encíclica Humanae Vitae, muitas pessoas estão começando a enxergar que a Igreja talvez não esteja tão doida assim.

Fonte: Site Christopher West - Theology of the Body

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