sábado, 14 de fevereiro de 2009

As fases do vício em pornografia

Por Victor B. Cline, Ph.D.

Revendo a literatura sobre os efeitos da pornografia, há uma variedade de evidências que sugerem severos danos relacionados à exposição a pornografia. Essas evidências provêm de relatos clínicos, estudos de campo e de estudos de laboratório.

Como psicólogo clínico, eu tratei, ao longo dos anos, aproximadamente 350 pessoas viciadas em sexo, e pessoas com doenças sexuais, sendo que 96% deles eram homens. Os episódios às vezes incluíam coisas como abuso de crianças, exibicionismo, voyeurismo, sadomasoquismo, fetichismo e estupro. Com algumas exceções, a pornografia foi um componente facilitador para que eles se envolvessem nesses desvios ou vícios sexuais.

Primeiro Passo – o Vício

A primeira mudança que acontecia na pessoa era o efeito viciante. Os consumidores de material pornográfico ficavam presos ao vício. Uma vez tendo olhado esse tipo de material, eles ficavam querendo sempre mais e mais. O material funcionava como um poderoso estimulante sexual, ou efeito afrodisíaco, seguido pela satisfação sexual, a maioria das vezes com a masturbação. A pornografia trazia fantasias muito excitantes e poderosas, que eles freqüentemente relembravam e elaboravam em sua imaginação.

Uma vez viciados, eles não eram capazes de deixar essa dependência por si mesmos, apesar das consequências negativas tais como divórcio, perda da família, e problemas com a lei (abuso de colegas de trabalho, assédio sexual, crimes sexuais).

Descobri também que a maioria dos meus pacientes masculinos mais inteligentes pareciam ser mais vulneráveis, talvez por terem maior capacidade de fantasiar, o que aumentava a intensidade da experiência e os fazia mais suscetíveis ao vício.

Um de meus pacientes estava tão profundamente viciado que não conseguia ficar longe da pornografia. Para quem não é viciado, é difícil compreender a natureza completamente obsessiva de um viciado em sexo. Quando o vício “bate” com força, nada os impede de ir atrás do que querem, seja ver pornografia acompanhada de masturbação, fazer sexo com uma prostituta, abusar de uma criança ou estuprar uma mulher. Esses homens ficaram consumidos pelos seus apetites, não importando o custo das consequências. Suas vidas ficaram completamente dominadas pelo vício.

Segundo Passo – Efeito-escalada

A segunda fase representa um efeito-escalada. Com o passar do tempo, a pessoa viciada necessitará de material sexual mais forte, mais explícito, mais desviante, mais “sujo” a fim de conseguir sua excitação e euforia sexual. É o mesmo efeito que acontece com viciados em droga. Eles precisam cada vez de mais estímulo para conseguir o mesmo efeito inicial.

Estar casado ou em um relacionamento com uma parceira sexual desejada não resolve seu problema. Seu vício e o efeito-escalada se devem às poderosas imagens sexuais em suas mentes, implantadas ali pela exposição à pornografia.

Tive muitos casais clientes onde a esposa, em meio a lágrimas, contava que o marido preferia se masturbar olhando para pornografia do que fazer amor com ela.

Terceira fase – Dessensibilização

A terceira fase era a dessensibilização. O material (em livros, revistas ou filmes) que era originalmente percebido como chocante, uma quebra de tabu, ilegal, repulsivo, ou imoral, agora passa a ser visto como aceitável e comum. A atividade sexual mostrada na pornografia (não importa quão anti-social ou desviante seja) se torna legitimada. Havia um crescente sentido de “todo mundo faz”, e isso dava permissão para fazer também, mesmo sendo a atividade possivelmente ilegal ou contrária aos padrões e crenças morais anteriores da pessoa.

Quarta fase – Agindo sexualmente

A quarta fase era uma tendência crescente a agir sexualmente, colocando em prática os comportamentos vistos na pornografia, incluindo promiscuidade compulsiva, exibicionismo, sexo com várias pessoas, voyeurismo, abuso de menores, estupro, práticas sádicas ou masoquistas. Esse comportamento freqüentemente crescia até se tornar em um vício sexual no qual eles se achavam presos e incapazes de mudar, não importando que consequências negativas aquilo teria para suas vidas.

(*) O autor é Ph.D. em psicologia pela Universidade de Berkeley, e atualmente é psicoterapeuta especialista em família e vícios sexuais. Ele é também Professor Emérito da Universidade de Utah e presidente de “Marriage and Family Enrichment”, um grupo de palestrantes nacionais, além de ser autor de vários livros sobre os prejuízos da pornografia.

Trecho de artigo, traduzido e adaptado do site Obscenity Crimes