sábado, 18 de abril de 2009

Depois de dois abortos me sentia muito sozinha, deprimida e confusa

Nessa semana da Páscoa, o blog Vida e Castidade conta histórias de ressurreição. Histórias que eram inicialmente de morte e tristeza, mas que Jesus transformou com seu amor.
É vida que vence a morte. É ressurreição. Feliz Páscoa.
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Nunca soube o que havia de errado comigo. Eu chorava e chorava, me cortava ou me queimava tocando as paredes do forno do fogão, me golpeava e me machucava. Estava fora de controle, e quando alguém me perguntava, “o que há de errado?”, eu respondia com honestidade: “Não sei”. Sentia-me como se fosse enlouquecer. Quem fica chorando o tempo todo e se maltrata sem saber por que? Sempre me sentia dormente quando me machucava. Era como se a dor me ajudasse a acordar. Eu me odiava. Anos de terapia não ajudaram, anti-depressivos não ajudaram, nada parecia ajudar. Estava envolvida em um grande segredo. Poucos sabiam da minha extrema depressão, de que machucava a mim mesma, e de meus abortos.

Finalmente, depois de anos de tortura, contei tudo a meu pai. Contei a ele sobre os abortos, as noites dormidas por aí, as drogas que tomava para passar por aquilo, e do abuso que infligia a mim mesmo e aos outros. Ele me chocou me apoiando, estando ali para mim. Ele compreendeu porque tinha feito o que tinha feito. Ele ficou ao meu lado quando fui falar para minha mãe, e ela também me chocou quando, ao invés de ficar furiosa comigo, me abraçou e chorou, e disse que gostaria de ter estado ao meu lado naquilo tudo. Essas foram reações que eu jamais esperava.

Mas a depressão e o abuso a mim mesma não paravam. Meu pai, que é ele próprio um conselheiro (psicólogo) tentou tudo que pôde para descobrir o que havia de errado comigo. Ele me mandou fazer mais terapia, que não parecia estar ajudando. Meu pai queria mais do que qualquer coisa descobrir como me ajudar. Finalmente, em uma reunião que participou, meu pai conheceu uma mulher chamada Teresa Burke (Ph.D.). Ela estava falando sobre pessoas com quem tinha lidado e que possuíam muitos dos mesmos sintomas que eu, e que também não descobriam o que havia de errado com elas. Teresa começou a perceber que, em algum ponto do passado, cada uma daquelas mulheres havia cometido um aborto.

Meu pai escutou e descobriu que eles estariam oferecendo um retiro para pessoas que tinham cometido aborto. O retiro seria um modo de resolver os sentimentos de culpa e talvez se sentir melhor. Quando meu pai me falou sobre o retiro, tenho que admitir, eu só pensei, “que droga, eu vou tentar, mas isso não vai adiantar de nada, assim como nenhuma outra coisa adiantou de nada”. Senti-me assim até o momento que cheguei na casa de retiro para o fim de semana. Foi legal, mas ainda sentia que nada iria mudar minha depressão. No sábado à noite algumas pessoas se ofereceram para vir ao meu quarto falar comigo e rezar comigo.

Não consigo descrever o que aconteceu naquela noite. Pela primeira vez, eu verdadeiramente imaginei minhas crianças no paraíso com Deus, e com minha avó que já tinha falecido, e eles estavam felizes. Eles estavam me mergulhando no amor e no perdão de Deus. Naquela noite soube que Deus existia e que eu não era uma pessoa terrível, e que eu já tinha sido perdoada por Deus e pelas minhas crianças. Foi muito profundo. Uma coisa assim nunca tina acontecido antes na minha vida. Não consigo descrever no papel o maravilhoso sentimento de paz e de amor que senti naquela noite. Nunca tinha acontecido uma coisa assim comigo antes.
--- Michelle
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Traduzido do site: Rachel’s Vineyard, uma organização que trabalha com pessoas que cometeram aborto (mães e os respectivos pais das crianças), oferecendo apoio, retiros etc.

Disponível em: http://www.rachelsvineyard.org/emotions/stories.aspx

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