domingo, 5 de abril de 2009

A sexualidade humana como imagem da vida interior de Deus

Deus cria o homem e a mulher como reflexos da Trindade

Por Glenn T. Stanton

Quando Deus disse, “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, e então criou Adão e Eva e ordenou que fossem sexualmente frutuosos, isso nos diz algo importante sobre quem é Deus. Eu não quero traçar comparações muito próximas aqui, porque as pessoas da Trindade não possuem corpos físicos como nós e, portanto, não manifestam seu amor uma pela outra do mesmo modo que nós humanos. Mas note a conexão íntima desse curto espaço de dois versículos (Gênesis 1, 27-28), que mostra o desejo de Deus de que reflitamos a imagem e a semelhança da Trindade, e como Deus ordena a Adão e Eva primeiramente que façam comunhão um com o outro como criaturas sexuais.

Não podemos subestimar a importância disso: Deus cria o homem e a mulher como reflexos da Trindade, e a primeira ordem é para se engajar no relacionamento sexual. Isso significa que quando um homem e uma mulher se unem na intimidade sexual marital, de algum modo – misticamente – eles espelham a maravilha, a beleza e o poder criativo de Deus como em nenhuma outra parte da criação. Novamente, isso está longe de ser “nada”.

Como explica o poeta Wendell Berry, “A sexualidade da vida comunitária... está centrada no casamento, que une duas almas ao nível máximo de intimidade que pode se alcançar nesse mundo”. Ele continua, “Essa união de duas pessoas que conhecem, amam e confiam uma na outra lhes conduz tanto à liberdade do consentimento sexual quanto à mais completa realização terrena da imagem de Deus. De sua união outras almas se tornam existentes, e com elas grandes responsabilidades, que não terminam, que são assustadoras e jubilosas”. Lindo! Essa é a glória da vida familiar.

Reflita quão grande é essa realidade. Quando Jaqueline (*) e eu encontramos um momento calmo, longe dos pequenos, e não estamos cansados demais (Jaqueline muitas vezes se pergunta se isso é possível para mim), e nos unimos naquele momento de comunhão especial, é incrível pensar na imagem que estamos refletindo. Isso pode ser extremamente intenso. Nenhuma outra fé possui uma visão da sexualidade tão poderosa e dinâmica.

Como amar a Deus em nossas vidas sexuais?

Para nós cristãos, solteiros ou casados, essa é uma das perguntas mais importantes que podemos nos fazer, porque nossa sexualidade é extremamente central para a definição de quem somos. Sempre ficava rindo comigo mesmo quando era adolescente e os coordenadores da igreja nos falavam sobre sexualidade, e nos encorajavam a não ser sexualmente ativos antes do casamento. É claro, eram conselhos bons e úteis. Mas eu achava engraçado, porque mesmo apesar de nunca ter tido intimidade com uma garota, e não desejar ter antes do casamento, eu era um rapaz adolescente saudável. Eu era muito sexualmente ativo – no interior, mesmo se não havia expressão externa. As coisas estavam se agitando em mim como em um vulcão. Eu tinha que governar meus sentimentos e desejos constantemente. Tinha que evitar que minha mente ficasse vagueando onde não devia. Tinha que tomar cuidado com a maneira com que me relacionava com as meninas e com as imagens que via nas revistas e na televisão. Mentalmente, eu era bastante sexualmente ativo. E minha saúde sexual, física, e espiritual pedia essa disciplina deliberada, interna, a fim de assegurar que meu comportamento exterior estivesse de acordo com o que Deus desejava para mim.

O que estou dizendo é que devemos ver a “atividade sexual” como muito mais do simplesmente “fazer”. Ela envolve a maneira com que apreciamos e vivemos nossa sexualidade, que nos foi dada por Deus. Somos todos seres sexuais.

Posso ver isso nas minhas crianças, que estão na idade pré-escolar. Elas já chegaram na fase em que ficam instintivamente envergonhadas de serem vistas nuas. Quando vão do quarto ao banheiro, asseguram-se de pegar uma toalha o mais rápido possível, e se cobrir. Elas se tornaram conscientes, por si mesmas, de que certas partes de seus corpos deveriam se manter escondidas ou privadas. Isso é atividade sexual, própria para a idade, e saudável.

Logo, não apenas as pessoas casadas devem se preocupar em amar a Deus em suas vidas sexuais. Todos temos consciência de nossa sexualidade, e de como expressá-la. Faz parte de nosso pensamento, da maneira com que nos vestimos, em como interagimos com rapazes e garotas em nossa juventude, e com homens e mulheres quando ficamos mais velhos. É até mesmo uma parte de como vemos e interagimos com Deus.

Como amar a Deus em nossas vidas sexuais: Nós amamos a Deus em nossas vidas sexuais nos assegurando de que refletimos a natureza e as qualidades do relacionamento compartilhado pela Trindade, a imagem que nós e nossas vidas sexuais foram criadas para espelhar. Isso requer que compreendamos algumas características e qualidades primárias da Trindade:

-- A Trindade é uma comunhão de “pessoas amantes” que são relacionalmente ativos, não estáticos. Desde toda a eternidade elas estão se doando e recebendo uma da outra uma intimidade incondicional e amorosa. Fazer isso é de sua própria natureza. Isso é quem Elas são!
-- Essa comunhão de pessoas amantes é comprometida, pois Seus relacionamentos não dependem do quanto se sentem plenas ou do que podem conseguir dos relacionamentos.
-- Essa comunidade de pessoas amantes é exclusiva, pois sempre foram três as pessoas específicas, e sempre serão três. Nem mais, nem menos. Elas não convidam “outros deuses” para sua intimidade nem trocam de parceiros. Elas são umas para as outras.
-- As pessoas dessa comunidade doam a si mesmas, pois buscam servir e doar uma à outra, e se alegram nisso. Elas não buscam a si mesmos. Ao rejubilarem-se em receber amor uma da outra, não se preocupam com o que podem receber, mas com o que podem dar.
-- Essa comunidade de pessoas é una, mas também distinta e complementar. Isso significa que enquanto as pessoas são unas em essência (cada uma delas é completamente Deus), Elas são também distintas uma da outra, e complementam uma à outra. Cada pessoa da Trindade não pode ser apreciada plenamente sem as outras duas. Cada uma precisa das outras porque Elas são distintas uma das outras. Elas se complementam em sua unicidade.
________________________________________________

(*) Nome fictício.

Trecho de “My Crazy Imperfect Christian Family”, de Glenn T. Stanton. © 2004. Usada com permissão de NavPress - www.navpress.com. Todos os direitos reservados.

Traduzido do site Pure Intimacy

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O envio de comentário constitui aceitação de publicação.
Todos os comentários passam por moderação.
Comentários podem ser rejeitados por decisão do blog.
Os comentários publicados não necessariamente expressam a opinião do blog.