domingo, 27 de setembro de 2009

Castidade e amor conjugal

Para ser feliz no matrimônio e aumentar o amor com o passar do tempo, não bastam apenas boas intenções.

CASTIDADE CONJUGAL: “AMOR TRIUNFANTE DE DUAS PESSOAS SEXUADAS”.

Falar de castidade em pleno século XXI pode parecer chocante e anacrônico. Talvez porque se costuma associar – erroneamente – esse termo a um conjunto de negações completamente alheias ao amor, chegando mesmo a equipará-lo à simples abstenção do trato corporal.

Para São Josemaria Escrivá, pelo contrário, a castidade conjugal é uma virtude tremendamente afirmativa: “é uma triunfante afirmação do amor” (Sulco, n. 831). Ele explicava-o assim: “A castidade – que não é simples continência, mas afirmação decidida de uma vontade enamorada – é uma virtude que mantém a juventude do amor, em qualquer estado de vida” (É Cristo que passa, n. 25).

Referida aos casados, a castidade é a virtude que torna possível que aos quinze, vinte, vinte e cinco ou muitos mais anos de matrimônio, cada cônjuge esteja tão enamorado do outro como naquele dia já distante em que os dois uniram suas vidas. E até mais: porque cada um é para o outro agora muito mais amável e arrebatador do que antes, já que o carinho prolongado leva a descobrir e aprofundar nas riquezas pessoais e na beleza do outro.

A castidade é portanto algo muito grande, excelso, positivo, que não se reduz a um conjunto de proibições: vai muito além dos domínios do mero uso dos órgãos genitais. Seu objeto próprio – como o de qualquer virtude – é o amor: neste caso o amor de duas pessoas sexuadas – homem e mulher – precisamente enquanto tais. E a sua finalidade é a de fazer com que esse carinho desenvolva-se e frutifique em todas e em cada uma das suas dimensões: não somente nas diretamente relacionadas com o trato corporal ou genital.


AUMENTAR O CARINHO

Entende-se então que o principal e mais definitivo ato dessa virtude consista em fomentar positivamente – com as mil e uma espertezas que o engenho amoroso descobre – o amor ao outro cônjuge.

Por isso – para vivê-la em toda a sua grandeza – é oportuno que cada um dos dois dedique todos os dias uns minutos para escolher qual detalhe ou detalhes de carinho e de delicadeza empregará para dar ao outro uma alegria e para fazer subir a qualidade e a temperatura do amor mútuo. Com igual empenho deverá empregar todos os meios ao seu alcance para que as manifestações de afeto escolhidas sejam levadas à prática, para que o trabalho profissional e as outras ocupações não façam delas simples “boas intenções”.

Do mesmo modo, um marido apaixonado tem de estar disposto a repetir muitas vezes por dia à sua esposa, junto com outras manifestações de afeto, que a ama. É claro que ela já o sabe! Mas ela tem uma necessidade quase absoluta de escutar muitas vezes essa confirmação tão boa: é uma delicadeza aparentemente mínima, mas que a reconforta e lhe dá vigor para continuar na luta – às vezes ingrata – por levar adiante o lar e a família. O marido, por sua vez, além de agradecer também em muitos casos que a esposa lhe faça uma declaração paralela, precisa pronunciar essas palavras para reforçar – mediante uma afirmação expressa e tangível – a têmpera do seu amor e da sua fidelidade.

Além disso, e para pôr outro exemplo, marido e mulher devem esforçar-se também para surpreender o seu par com alguma coisa que ele não esperava e que revele o interesse e apreço por ele. Não só nas datas festivas, nas quais essas manifestações “já são esperadas”, mas justamente nos dias em que não existe nenhum motivo aparente para ter uma atenção especial... a não ser o carinho apaixonado dos cônjuges, sempre vivo e sempre crescente! Tendo em conta, por outro lado, que o importante é esse olhar para o outro, dedicar-lhe tempo e atenção, e não necessariamente o valor material daquilo que se oferece.

Na mesma linha, para viver a plenitude do amor que estamos considerando, torna-se imprescindível que os cônjuges saibam encontrar – vencendo a preguiça inicial que às vezes pode vir – momentos para estarem a sós: para conversar e descansar nas melhores condições possíveis. Sem fazer disso um absoluto, e a título de simples sugestão, uma tarde ou uma noite por semana dedicada exclusivamente ao casal, além de facilitar enormemente a comunicação, constitui um dos melhores meios para que a vida de família – e, portanto, o carinho para com os filhos – progrida e consolide-se até dar frutos maduros de qualidade pessoal. Por isso o cuidado e os mimos ao outro cônjuge devem antepor-se às obrigações de trabalho, aos compromissos sociais e até mesmo – valha o paradoxo – ao cuidado “direto” das crianças... esse cuidado irá tornar-se mais potente com o maior amor mútuo dos pais.


FOMENTAR A ATRAÇÃO

Tendo tudo isso em vista, compreende-se facilmente que é um ato de virtude – da virtude da castidade, concretamente – fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para aumentar a atração, também a estritamente sexual, nossa e do nosso cônjuge.

Em particular, parece ser mostra de bom senso aproveitar o gozo profundo que Deus uniu ao abraço amoroso pessoal e íntimo para resolver pequenas discrepâncias ou desavenças surgidas durante o dia, para pôr fim a uma situação de desgaste, ou para relaxar naqueles momentos em que a vida profissional ou familiar dele ou dela estejam gerando tensões de um modo especial. Por isso, entre outras coisas, ambos terão que prestar atenção ao seu aspecto físico.

Além disso, é imprescindível – e agora tocamos uma questão mais de fundo e de conjunto – que ambos os esposos saibam apresentar-se e contemplar um ao outro, ao longo de toda a sua vida, pelo menos com o mesmo primor e enfeite com que o faziam em seus melhores momentos de namoro. Agir de outra maneira, deixar que o amor esfrie ou petrifique-se, equivale a pôr o cônjuge na beira de um abismo, dando-lhe ocasião para que procure fora do lar o carinho e as atenções que todo ser humano necessita.

Situada nesse horizonte vital, a mulher deve estar persuadida de que a fecundidade torna-a mais bela, e de que seu marido possui a suficiente qualidade humana para saber apreciar a nova e gloriosa formosura que provém da sua condição de mãe.

A maternidade reiterada certamente supõe romper certos “moldes e proporções” que determinados cânones de beleza feminina lutam por impor a todos nós. Mas até o menos perspicaz dos maridos, se está deveras apaixonado, percebe o esplendor que essa “desproporção” traz consigo: reconhece que sua mulher é mais bonita – e inclusive sexualmente mais atrativa – do que aquelas que se pavoneiam com um arremedo de beleza reduzido a “centímetros” e “curvinhas”.

Por pouca sensibilidade que tenha, um homem descobre encantado no corpo da sua mulher: (1) o reflexo do seu próprio amor de marido e de pai; (2) a marca dos filhos que esse carinho gerou; e (3) o cartão de visitas do Amor infinito de todo um Deus Criador, que demonstrou sua confiança ao dar a vida e fazer com que se desenvolvesse no seio da esposa cada uma dessas criaturas... Como poderá não se sentir cativado por tantos e tais enriquecimentos?

Depois de tantos anos de casado, e de relacionamento com outros casais, às vezes sinto a necessidade de pedir às esposas que sejam do “jeito que o seu marido gosta”... e alegrem-se plenamente por isso. E que nunca pretendam – sobretudo com o passar dos anos – ser “do jeito que elas próprias gostem” (elas costumam ser as críticas mais ferozes de si mesmas), nem jamais admitam comparações com amigas nem com nenhuma outra mulher... e muito menos com as mais jovens. Que acreditem piamente nos seus maridos quando eles dizem que elas estão lindas, sem fazer a mínima reserva, nem mesmo interior... Toda mulher que se entregou de verdade – esposa e mãe – deve ter a convicção inamovível de que a sua beleza radicalmente humana aumenta na exata medida em que a sua doação ao marido e aos filhos vai sendo cada vez mais atual e operativa.


SÓ VOCÊ E NINGUÉM MAIS

A outra face da virtude da castidade – negativa em aparência, mas também derivada dessa mesma necessidade de fazer crescer o carinho mútuo – pode ser concretizada na gozosa obrigação de evitar tudo o que possa esfriar o amor ou pô-lo entre parênteses, nem que seja por poucos minutos. Essa renúncia tem, portanto, um sentido eminentemente positivo: trata-se – também nisso – de fazer com que o amor conjugal amadureça e alcance a sua plenitude. Esse ponto não deveria ser esquecido se queremos entender a fundo o verdadeiro significado da virtude da castidade, o seu valor tremendamente afirmativo.

Se pensarmos nos que estão unidos pelo matrimônio – como até aqui estamos fazendo –, essa afirmação, levada a sério, converte-se num critério claro e delicadíssimo de amor ao cônjuge. Para o homem casado não pode existir outra mulher (enquanto mulher) além da sua. Esse homem (o mesmo poderia afirmar-se, simetricamente, quanto à esposa) obviamente irá relacionar-se com pessoas do sexo oposto: companheiras de trabalho, secretárias, alunas, gente com quem coincidirá em viagens... E a educação e o respeito o levarão a comportar-se com elas com polidez e deferência. Mas não tratará nenhuma delas enquanto mulher – pondo em jogo a sua condição de homem, que já não lhe pertence – mas simplesmente enquanto pessoa.

Isso, que pode parecer à primeira vista excessivamente teórico e até artificial, tem uma tradução muito clara e prática: tudo aquilo que faço com a minha mulher justamente por ser mulher devo evitar fazer com qualquer outra, custe o que custar. Não posso compartilhar com mais ninguém as coisas que compartilho com a minha esposa.

Embora estejamos falando para pessoas aparentemente maduras, nesse ponto é muito fácil ser ingênuos. Isso porque, em princípio, depois de tantos anos convivendo diariamente com o nosso par – nos momentos de alta e de baixa –, qualquer outra mulher (ou qualquer outro homem) está em melhores condições que a nossa (ou o nosso) de mostrar-nos – intermitentemente – a sua face mais amável, nesses isolados espaços de trato mútuo. Não vemos o seu aspecto desarrumado quando acaba de acordar – quando nem parece que é ela (ou ele) –; não a (ou o) vemos quando está cansada (ou cansado); não temos que resolver com ela (ou com ele) os problemas dos filhos nem os quebra cabeças de uma economia não muito folgada...

Elas ou eles, arrumados, dispostos – como por instinto e com a mais limpa das intenções – a agradar e a cair bem, podem dar de si o melhor que possuem, sem o contrapeso dos momentos duros e de fraqueza que forçosamente são vividos dentro do matrimônio. Além disso, costumam ser mais jovens, mais compreensivos (entre outras coisas porque não nos conhecem bem), e estão enfeitados passageiramente com muitas prendas – um tanto artificiais – que fazem a sua personalidade brilhar aos nossos olhos (que nesses momentos não são lá muito perspicazes)... e que a convivência diária e duradoura sem dúvida devolveria às suas reais dimensões.

Para rematar essa idéia, e para ir terminando o que de outra forma seria interminável, acrescentarei que quando uma mulher diferente da nossa conhece os problemas que sofremos no nosso lar e no nosso matrimônio, é quase impossível que deixe de compreender-nos e de sentir por nós uma sincera compaixão. Como também é improvável – embora por motivos muito diferentes – que um homem deixe de entender os problemas de uma mulher casada, se ele dispuser-se a ouvi-los. Nos dois casos, faz falta ter a suficiente categoria – hoje infelizmente rara – para ficar mal e rejeitar, de maneira educada porém decidida, qualquer tipo de confidências como essas.

Tudo isso é, no entanto, necessário para não brincar com a felicidade própria e alheia e para não pôr nossos filhos em apuros, vendendo a grandeza profunda de uma vida de família plenamente vivida em troca do deslumbramento superficial de uns momentos satisfação egocêntrica. O amor que impregna o nosso lar levar-nos-á a prescindir de tais satisfações aparentes, visando robustecer os fundamentos da nossa felicidade no matrimônio.
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Tomás Melendo
Catedrático de Metafísica da Universidade de Málaga. Publicou recentemente – em co autoria com sua esposa Lourdes Millán-Puelles – o livro Assegurar o amor, cuja finalidade (que aliás já está no próprio título) é ajudar a contornar os inevitáveis porém fecundos escolhos que a vida em comum traz consigo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Papa aos Bispos brasileiros: ajudem as famílias cristãs

VATICANO, 25 SETEMBRO 2009 (VATICAN INFORMATION SERVICE) – A família, “fundada no matrimônio como aliança conjugal na qual homem e mulher mutuamente se dão e se recebem”, foi o tema central do encontro do Santo Padre hoje com bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (regional Nordeste 1 a 4), que acabaram de completar sua visita “ad limina”.

Nesse sentido o Papa observou como, em seus depoimentos, os bispos sublinharam o fato de que “as famílias estão fragilizadas e sob ataque”. Ele apontou ainda que, “apesar de todas as influências negativas”, o povo do nordeste brasileiro “permanece aberto ao Evangelho da Vida”.

“A Igreja”, continuou Bento XVI, “incansavelmente ensina que a família tem sua fundação no matrimônio e no plano de Deus”. Ainda assim “o mundo secularizado está dominado por uma profunda incerteza nessa matéria, especialmente desde que as sociedades ocidentais legalizaram o divórcio. O único fundamento reconhecível parece ser a subjetividade individual, expressada em um desejo de viver juntos”.

“Nessa situação o número de casamentos está decrescendo, porque ninguém quer se comprometer baseado em fundamentos tão frágeis e imprevisíveis, o número de uniões ‘de fato’ está crescendo e o divórcios também. É nesse frágil cenário que ocorre o drama de tantas crianças – privadas do apoio de seus pais, vítimas da apreensão e do abandono – e que cresce a desordem social.”

“A Igreja não pode permanecer indiferente ante a separação e o divórcio dos casais”, alertou o Papa Bento XVI, “ante a ruptura de lares e sua repercussão nas crianças, que necessitam de pontos de referência extremamente precisos para sua instrução e educação: em outras palavras, pais determinados e confiantes que participam de seu crescimento”.

“Esse é o princípio que está sendo minado e comprometido pela prática do divórcio, através da assim chamada família ‘extendida’ e ‘móvel’ que aumenta o número de ‘pais’ e ‘mães’ e leva a uma situação hoje na qual a maioria daquelas que se sentem órfãs não são crianças sem pais, mas crianças com excesso de pais. Essa situação, com suas inevitáveis relações cruzadas não pode gerar senão conflitos internos e confusão, que contribuem para dar à criança uma visão distorcida da família.”

“A firme convicção da Igreja é a de que a verdadeira solução para os problemas que os casais enfrentam atualmente e que enfraquecem sua união é um retorno à solidez da família Cristã, lugar de confiança mútua, de doação recíproca, de respeito pela liberdade e de educação para a vida social”.

“Com toda a compreensão que a Igreja tem para com certas situações, os casais em segunda união não são como aqueles de primeira união; sua situação é irregular e perigosa, e deve ser resolvida, na fidelidade ao Cristo, encontrando, com ajuda do sacerdote, um caminho possível para reabilitação de todos os envolvidos”, disse o Santo Padre.

Ele então convidou os prelados a encorajar os padres e os centros de cuidado pastoral a “acompanhar as famílias a fim de lhes assegurar que não sejam seduzidas pelos estilos de vida relativistas promovidos pelo cinema, televisão, e outros meios de comunicação”. E o Papa concluiu: “Eu confio no testemunho de famílias que buscam no Sacramento do Matrimônio a força para vencer os desafios... É com base em famílias como essas que o tecido social deve ser recriado”.
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"Tradução livre do autor deste blog"

sábado, 19 de setembro de 2009

Quem é o homem para a mulher e quem é a mulher para o homem?

Por Pe. Thomas Loya

Como sacerdote e pastor eu recebo frequentemente telefonemas do tipo: “Pe. Tom, posso ir vê-lo? Estamos com problemas no nosso casamento”. Esse telefonema quase sempre vem da mulher. Quando ela finalmente consegue me ver, trazendo seu relutante marido, eu escuto sua história, suas dores e feridas. Quando terminam de contar tudo eu ofereço uma afirmação que é ao mesmo tempo encorajadora e confusa: “Não há problemas de casamento”.

É isso mesmo. Você leu direito: Não existem essas coisas chamadas “problemas no casamento”. Eu digo para o casal: “Vejam, o que normalmente chamamos de problema no casamento na verdade são problemas naquilo que se conhece como teologia do corpo. É uma questão de quem é o homem para a mulher e quem é a mulher para o homem. Se entendermos isso, tudo na vida irá bem. Se entendermos errado, tudo irá errado no mundo. Isso porque a pessoa humana é um microcosmos do universo, e o universo é um microcosmos da pessoa humana. A resposta para a questão “quem é o homem para a mulher e quem é a mulher para o homem” na verdade está revelada na linguagem dos nossos corpos de homem e de mulher, e portanto, em uma teologia do corpo.

A Teologia do Corpo nos dá o “por quê” escondido por trás de um ser humano, homem e mulher. A razão pela qual podemos confiar em nossos corpos como fonte de revelação da verdade é que, convenhamos, seja qual for a pessoa, qual religião tenha, qual sua etnia, profissão, seja rico ou pobre, todos temos um corpo, e este corpo é de homem ou de mulher. Enquanto seres humanos, nós fomos feitos de maneira integrada, e não compartimentalizada ou fragmentada. Por isso nossos corpos sexuados foram feitos para interagir de modo consistente com nosso coração, mente, emoções, ou seja, com todo o modo com que nos relacionamos com a realidade.

Não poderemos saber como ser homem e mulher enquanto não soubermos porque ser homem e mulher. As feridas que aparecem em um relacionamento como o matrimônio são, na verdade, uma questão do homem e da mulher não saberem porque são homem e mulher. Isso leva a não saberem como ser homem e mulher, o que por sua vez leva a não saberem como ser um para o outro. Eles falham em ser complemento um para o outro naquilo para que foram feitos: ajudar a preencher as legítimas necessidades um do outro, e essas necessidades estão estampadas nos próprios corpos de homem e de mulher. Quando essa falha acontece, um processo de ferida emocional se inicia, e com o tempo resulta no que comumente chamamos de “problemas no casamento”.

Nossos corpos na verdade falam uma linguagem. Eles apontam para realidades transcendentes; o verdadeiro significado por trás de ser homem e mulher. A felicidade em um relacionamento, na verdade em toda a vida, resume-se a saber se estamos falando a verdade com nossos corpos, ou se estamos falando uma mentira.

Então, que linguagem é essa que nossos corpos de homem ou mulher podem falar? O que é a Teologia do Corpo, e para onde ela aponta? Nossos corpos masculino e feminino, precisamente pelo fato de serem sexuados, falam de uma linguagem de entrega, de dom. Os seres humanos descobrem quem realmente são apenas quando fazem de si próprios uma entrega (dom, doação) sincera para o outro. Isso está estampado em nossos próprios corpos de homem ou mulher. O corpo de um homem, por exemplo, não faz sentido a não ser em relação com o corpo de uma mulher, e vice-versa. As próprias partes do corpo de um homem são feitas de modo que possa se doar (fazer de si um dom) para uma mulher. O corpo de uma mulher é feito de modo que, por sua vez, ela possa fazer de si uma entrega ao homem. Essa é a única coisa que tem pleno sentido nas partes de seu corpo que caracterizam seu sexo ou gênero. Os corpos masculino e feminino foram feitos para se ajustarem um ao outro. Mas junto com o corpo vem a mente, o coração, as emoções, na verdade vem nosso ser por inteiro.

Há todo um mundo de coisas a serem descobertas na linguagem dos nossos corpos. E essa linguagem detém o segredo para casamentos e relacionamentos felizes. Ela responde a questão: “Quem é o homem para a mulher, e quem é a mulher para o homem?”
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Do site: Theology of the Body .net

http://www.theologyofthebody.net/index.php?option=com_content&task=view&id=83&Itemid=48

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Deus tem um plano para a sexualidade?

Por: ALMAS, A. C.

Ao longo da história, o homem tem se perguntado sobre o sentido e o fim último da vida, da existência, do tempo, do amor, do bem e do mal e, também, da sexualidade. Sobretudo, parece que ultimamente, mais do que questionar outras coisas, se questiona sobre a sexualidade. Basta ver os outdoors nas avenidas, os comerciais na televisão, abrir qualquer revista, para encontrar alguma coisa sobre a sexualidade. Infelizmente, não procuramos informações sobre a sexualidade com o Criador da mesma, mas com outros aprendizes que só têm “meias verdades”, para não dizer “mentiras completas”, que inclusive nos fazem pensar que Deus não tem nada a ver com a sexualidade e acreditamos que “outros” podem ter uma melhor explicação sobre este tema.

Porém não é assim, podemos observar atualmente duas posturas extremistas e equivocadas sobre a sexualidade:

1. Em um extremo, encontra-se a postura hedonista e utilitarista, na qual o único objetivo é satisfazer os impulsos e os sentidos, o mais importante é o prazer e a gratificação física, que EU me sinta bem. O mais grave desta postura é reduzir as pessoas a simples objetos sexuais e meios para atingir o bem-estar.

2. No outro extremo, encontramo-nos com a postura que vê a sexualidade como um tabu, como algo que causa vergonha, que é sujo e indigno, que somente se pode tolerar para a procriação, alguma coisa parecida com “um mal necessário”.

Ambas as posturas são erradas, já que a concepção CORRETA DA SEXUALIDADE (por assim dizer) é a que dá a este aspecto da vida seu justo valor como um dom de Deus, ofertado ao homem para fazê-lo co-participante da criação por meio da fecundidade que surge da entrega de amor esponsal entre o homem e a mulher.

A sexualidade concorda com o plano de Deus quando respeita seus dois fins: UNITIVO E PROCRIADOR.

- UNITIVO: isto é, quando a sexualidade é um meio para expressar amor. Por exemplo, os esposos "quando exercem sua sexualidade" realizam um ato de entrega e, portanto, é bom e lícito que gozem do prazer que a relação sexual implica. De fato, este prazer físico também é uma capacidade que Deus dá ao ser humano e que tem como finalidade a união dos esposos.

- PROCRIADOR: ou seja, que está aberto à vida. Ter a consciência de que o amor em si mesmo é fecundo.

Neste sentido, a sexualidade em si não pode ser considerada como alguma coisa “má”, ao contrário, desde sua origem provém de Deus e, por natureza, é BOA; inclusive, por estar unida à fecundidade, poderíamos chamá-la “sagrada”. No entanto, não devemos esquecer o fato de que, devido à natureza decaída do homem e como conseqüência do pecado original, a sexualidade, enquanto não for corretamente entendida e não estiver dirigida e integrada ao amor, pode chegar a ser uma ocasião de pecado, isto é, pode prejudicar a relação de amor entre Deus e o ser humano. Vale a pena lembrar que embora “a carne seja fraca”, todo homem possui a faculdade da liberdade, a vontade e a inteligência que lhe permitem viver a sexualidade conforme o desígnio de Deus.

Se tivermos alguma dúvida sobre o desígnio de Deus para a sexualidade, podemos aceitar como guia o sexto e o nono mandamento da Lei de Deus, para que desta maneira descubramos que a sexualidade faz parte de nossa natureza, sendo uma forma de ser pessoa, e que o ato sexual, exclusivo do matrimônio, é um presente de Deus para o amor. E, como se fosse pouco, leva implícito o dom da fecundidade. Portanto, a sexualidade é BOA porque nos faz semelhantes a nosso Criador, nos faz ser realmente imagem de um Deus que AMA e que dá VIDA.
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Extraído de: http://pt.almas.com.mx/almaspt/artman2/publish/Deus_tem_um_plano_para_a_sexualidade.php

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O sentido pleno da castidade

Por Karol Wojtila

Vamos agora esclarecer o problema da castidade na sua totalidade. (...) O homem não quer reconhecer o grande valor com que a castidade contribui para o amor humano, quando se recusa a reconhecer a plena e objetiva verdade sobre o amor entre mulher e homem, substituindo-a pela ficção subjetiva. Quando aceitar esta verdade objetiva sobre o amor na sua totalidade, então também a castidade mostrará o seu pleno valor, revelando-se um grande fator da vida humana, um indício principal da “cultura da pessoa”, que por sua vez constitui a raiz essencial de toda a cultura humana.

Não é possível compreender o pleno sentido da virtude da castidade se não se compreende o amor como função de relacionamento pessoal, como função orientadora da união das pessoas. (...) Só as manifestações psicológicas não bastam. O amor só chega ao amadurecimento psicológico quando possui um valor ético, quando chega a ser a virtude do amor. Somente no amor transformado em virtude realizam-se as exigências objetivas da norma personalista, que exige precisamente que a pessoa seja “amada”, e rejeita que a pessoa seja “usada”. (...) Às vezes chama-se “manifestação do amor” ou simplesmente “amor” àquilo que, após o aprofundado exame crítico, não demonstra a verdadeira realidade ética do “amor”. Pois, apesar das aparências, não é mais que uma forma de “usar” a pessoa. (...)

A castidade não pode ser compreendida sem a virtude do amor. A tarefa da castidade é libertar o amor da atitude utilitarista. (...) A atitude utilitarista é tanto mais perigosa quanto mais se esconde na vontade. O “amor pecaminoso” é chamado com muita frequência não “pecaminoso”, mas simplesmente “amor”. Tenta-se impor (a si mesmo e aos outros) a convicção que é realmente assim e que não pode ser de outra maneira. Ser casto significa relacionar-se de maneira “transparente” com a pessoa de outro sexo. A castidade equivale a deixar “transparecer” o interior. (...) Na realidade o amor não será amor até que o desejo de “uso” (prazer) não estiver subordinado à disposição de “amar” em qualquer situação.

Esta atitude “transparente” para com as pessoas de outro sexo não pode consistir num recalque artificial dos valores do corpo (em particular do valor sexual) no subconsciente ou numa visão de aparente racionalização como se eles não existissem ou não atuassem. Com muita frequência, a castidade é concebida como um freio “cego” da sensualidade e dos impulsos carnais que reprime subconscientemente os valores corporais e sexuais, até que, dada a oportunidade, explodem. Tal compreensão da virtude da castidade é evidentemente errônea. Se ela é vivida dessa maneira cria, na verdade, o perigo de tais “explosões”. Tal concepção da essência da castidade faz com que muita gente pense a respeito da castidade de maneira tão negativa. A castidade é apresentada como “negação”, quando na verdade é “afirmação”. A incompreensão do processo correto da virtude da castidade consiste em “não” destacar a afirmação do valor da pessoa e enaltecer só os valores sexuais, que, dominando a vontade, deformam todo o relacionamento com a pessoa de outro sexo. A essência da castidade consiste precisamente em “destacar” em cada situação o valor da pessoa e tomá-lo como referencial para “avaliar” as reações perante o valor do “corpo e sexo”. Isso exige um sério esforço interior e espiritual. A afirmação do valor da pessoa só pode ser fruto do espírito. Esse esforço, longe de ser negativo e aniquilador, é altamente positivo e inteiramente criativo. Não se trata de “destruir” os valores do “corpo e sexo”, reprimindo as suas vivências inconscientemente, mas de integrá-los duradoura e permanentemente. O valor do “corpo e sexo” deve estar fundamentado no valor da pessoa.
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Trecho do livro: “Amor e Responsabilidade”, de Karol Wojtyla (Papa João Paulo II). São Paulo: Ed. Loyola, 1982.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Reminder - Vídeos de Christopher West

Gostaria hoje de chamar de novo a atenção para vídeos muito bons do Christopher West, onde ele comenta, com sua própria visão, algumas idéias da Teologia do Corpo, de João Paulo II.


Christopher West - A Linguagem do Corpo





Christopher West - A Playboy e o Papa






Christopher West - O Corpo e a Teologia do Corpo


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vídeo: "Até onde se pode ir?"

Vídeo produzido por "Young Catholic Minute". Esse grupo é voltado para a produção de mídias curtas (pequenos vídeos, pequenos trechos em áudio) para explicar pontos do catolicismo, voltado para os jovens.




Para ver no You Tube, clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=KFgM_UUtlJw

domingo, 6 de setembro de 2009

Mútua submissão e reverência por Cristo

Por Christopher West

“Submetei-vos uns aos outros no temor a Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, como Cristo também é a cabeça da Igreja, seu Corpo, da qual Ele é o Salvador. Por outro lado, como a Igreja se submete a Cristo, que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos. Maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de santificar pela palavra aquela que Ele purifica pelo banho da água”. (Ef 5, 21-26)

Note a primeira recomendação de São Paulo aos esposos: “submetei-vos uns aos outros no temor a Cristo” (Ef 5, 21). Como enfatiza João Paulo II, em Efésios 5, São Paulo convida o casal a uma submissão mútua. Os que acham que o apóstolo está apenas regurgitando preconceitos culturais contra as mulheres não percebem quanto esta idéia era contra a cultura.

Quando São Paulo – insiste o Papa – pede às mulheres que “sejam submissas a seus maridos” (Ef 5, 22), “não tenciona dizer que (...) o casamento é um pacto de domínio do marido sobre a mulher (...). O amor torna o marido simultaneamente submisso à mulher” (11/08/1982). E ser “submisso” à mulher – acrescenta ele – significa viver em “completa doação a ela” (18/08/1982). Significa dizer que ambos realizam e vivem o significado esponsal de seus corpos, que os convida a uma sincera e mútua autodoação.

Cristo, que “ofereceu o próprio corpo” por sua Esposa, deve ser a fonte e o modelo dessa autodoação. Os cônjuges cristãos se doam um ao outro “no amor reverente de Cristo” (Ef 5, 21). O Papa chega a dizer que esse amor reverencial “não é senão uma forma espiritualmente madura” da atração mútua entre os sexos (04/07/1984). Em outras palavras, a “reverência a Cristo” resulta de uma experiência vivida da libertação da atração e do desejo sexual. Através de uma contínua conversão, iremos experimentar gradualmente aquele maduro nível de pureza de que falamos antes.

Homens e mulheres puros vêem o mistério de Cristo revelado através de seus corpos. Não é apenas uma idéia religiosa; homens e mulheres puros sentem isto em seus corações. Compreendem que o chamado à união, inscrito em sua sexualidade, é realmente um “grande mistério” a proclamar a união de Cristo com a Igreja. Quando experimentamos isto como o “conteúdo” de nossas atrações sexuais, não queremos mais a luxúria, mas a genuflexão. Se vivemos como São Paulo recomenda, a luxúria torna-se inconcebível. O “grande mistério” da sexualidade enche-nos de profundo assombro, admiração e maravilha. Em outras palavras, nos enche de reverência por Cristo.
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Trecho do Livro “Teologia do Corpo para Principiantes – uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II”, de Christopher West. Porto Alegre: Editora Myriam, 2008.