domingo, 31 de julho de 2011

A pornografia não é inofensiva

Por Danielle Tiano e Karen Child

Quando Missy descobriu pornografia no laptop de seu marido, não sabia bem o que fazer. Ao invés de confrontá-lo, revelou sua descoberta a algumas de suas melhores amigas. Disse-lhes que a busca de um documento em seu HD levou a um arquivo chamado "trabalho" que continha centenas de fotos de mulheres e homens em atos sexuais. Ela sentiu-se traída, magoada e com raiva. Suas amigas estavam chocadas e consternadas, porque acreditavam que Missy e seu marido eram o casal perfeito. Elas também começaram ase perguntar se isso não poderia acontecer a elas.

Há algum tempo atrás era necessário descobrir onde estavam as revistas do tio ou do irmão para ser exposta à pornografia. Mas agora, a pornografia e sua cultura têm se tornado uma coisa comum, aceita, e sua acessibilidade aumenta em um nível global. De acordo com um estudo realizado pela “Internet Filter Review”, em 2006, 70 por cento dos adultos admitem que veem pornografia regularmente, geralmente sem seus cônjuges ou sem conhecimento de ninguém. Em todo o mundo, a pornografia é uma indústria de 97 bilhões de dólares, com os Estados Unidos consumindo 13 bilhões desse total. Esse nível de exposição tem permeado a sociedade, independentemente da condição social, da raça ou do gênero.

Um estudo recente realizado pelo Brigham Young University descobriu que os estudantes universitários do sexo feminino nos Estados Unidos aceitam mais a pornografia hoje em dia. Passaram a tratar a pornografia como um lugar-comum, um rito de passagem, uma “apimentada” no casamento, uma forma inofensiva de entretenimento e expressão sexual. Mas, na verdade, os efeitos de longo alcance, similares aos das drogas, são prejudiciais a saúde econômica, social e espiritual da nossa sociedade.

Exames de um cérebro de viciado em crack e um cérebro viciado em pornografia parecem assustadoramente semelhantes. Mas enquanto um viciado em cocaína necessidades de cocaína para conseguir o efeito desejado, um viciado em pornografia só precisa imaginar a sua última experiência erótica para liberar os mesmos neuro-químicos que ele ou ela experimenta quando vê pornografia. Um fato verdadeiro, e ainda mais surpreendente, é que viciados em pornografia podem conseguir os efeitos da “droga”, mesmo sem sua droga. O fenômeno, chamado de “recall eufórico”, pod efazer da pornografia o vício mais poderoso dos tempos modernos.

E, assim como acontece em qualquer vício, o usuário necessita de “doses” mais intensas e práticas sexuais mais incomuns para atingir o mesmo efeito de excitação. Muitas vezes, passam a se aventurar em tipos de pornografia e em práticas que não teriam nunca considerado antes. Este é o caminho que leva a práticas imorais e ilegais, como prostituição e pornografia infantil, e pode até causar uma devastação financeira. Vinte por cento dos homens e 13 por cento das mulheres admitem que visualizam pornografia no trabalho, e os empregadores estão começando a reprimir esta onda, demitindo mais e mais adultos, devido à produtividade perdida.

Casais podem querer introduzir pornografia depois de anos de casamento, com a idéia de “apimentar” uma vida sexual monótona. A novidade pode excitar no início, mas ao longo do tempo, pode diminuir a conexão emocional, a excitação e a intimidade sexual compartilhada. Muitos casais cometem o erro de pensar que a pornografia vai ajudar um relacionamento conturbado, quando na realidade ela apenas mascara temporariamente o problema mais profundo de desconexão e falta de intimidade real.

Uma pesquisa de 2002, feita por membros da Academia Americana de Advogados Matrimoniais, descobriu que a internet desempenhou um papel em 62 por cento dos casos de divórcio no ano anterior, e 56 por cento disseram que um interesse obsessivo por pornografia na Internet foi um dos problemas.

O aspecto mais perturbador da aceitação da pornografia na nossa cultura é o seu efeito sobre as crianças. A organização “Family Safe Media” informa que a idade média da primeira exposição de uma criança à pornografia é de oito anos, e a “Internet Filter Review” comenta que 90 por cento das crianças com idades entre entre oito e quinze anos já viram pornografia em seus computadores domésticos, a maioria ao fazer lição de casa.

A pornografia é particularmente prejudicial para um cérebro jovem, que não completou o seu desenvolvimento. Ela pode realmente modificar as conexões neurais no cérebro, afetando as áreas da toxicodependência e excitação.

Pesquisasa tem mostrado que crianças expostas à pornografia apresentam respostas emocionais traumáticas, relações sexuais em idade precoce, um aumento do risco de doenças sexualmente transmissíveis, e um desenvolvimento de compulsões sexuais. Elas também podem vir a objetificar os seres humanos, acreditando que a satisfação sexual é alcançada sem afeição pelo parceio(a).

Muitos pais não falam com os filhos, porque eles mesmo não têm atitudes saudáveis na área sexual, ou podem estar envolvidos em pornografia ou outros comportamentos sexuais de risco.

Então, qualquer que seja sua opinião sobre a pornografia, estaja ciente de que o que poderia ser usado para acender uma faísca no quarto pode de fato provocar uma explosão de vício em seu relacionamento, e entre seus filhos. Se a pornografia tem sido descrita como o novo "crack", em termos de seu poder viciante, não podemos deixar de ter essa conversa de importância crítica, com nosso cônjuge e com nossos filhos.
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Juntas Danielle Tiano e Karen Child escreveram um livro infantil para ajudar os pais a conversar com seus filhos sobre pornografia e seus perigos. Danielle Tiano tem escrito vários livros sobre assuntos difíceis para as crianças, Karen é uma terapeuta familiar e de casal, atuando no tratamento de adultos e jovens que lutam contra o vício sexual.
Traduzido de: http://www.elizamagazine.com/article.php?ID=20
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